De acordo com o conhecimento empírico e clínico atual, não existem teorias etiológicas conclusivas acerca da formação da preferência sexual. Apenas uma abordagem multidimensional poder-nos-ia ajudar a compreender possíveis motivos para um indivíduo apresentar uma preferência sexual específica.
Assim, devemos ter em consideração fatores biológicos, psicológicos e sociais, e como interagem entre si. Os fatores biológicos incluem, entre outros, o impacto genético, nascimento prematuro, lateralidade manual e estruturas neurológicas. Os fatores psicológicos referem-se a características como o temperamento, a ansiedade, a autoconfiança, a imaturidade e hábitos (tal como os mecanismos de coping). Quanto aos fatores sociais, alguns destes podem ser experiências de infância específicas, maus-tratos, interações com pares, classe social e educação.
Experiências clínicas e dados empíricos sugerem que a preferência sexual relativa à idade e ao género manifesta-se numa idade precoce como parte do desenvolvimento sexual, e que as características essenciais mantêm-se consistentes ao longo da vida.
A preferência sexual não é uma escolha. É individual, como uma impressão digital. É única a cada um de nós, não sendo melhor ou pior do que outras.
Contudo, o significado individual que é dado a ter uma ou outra preferência sexual específica já é outra questão. Esta perspetiva é determinada pelo nosso contexto sociocultural, a nossa história, a nossa religião, experiências de vida particulares, etc.
Resumidamente, ainda não sabemos por que motivo as pessoas apresentam a sua preferência sexual específica. Contudo, embora não sejamos responsáveis por decidir a nossa preferência sexual, somos responsáveis pelo nosso comportamento.
A má notícia é que: É improvável conseguirmos mudar a nossa preferência.
A boa notícia é que: Podemos mudar o que ela significa para nós.
E no seu caso?
- Já se questionou se a sua estrutura cerebral é diferente da de outras pessoas?
- Já pensou que pode ter uma predisposição genética para a sua preferência sexual?
- Já pensou na possibilidade de ter traços de personalidade ou atitudes que são diferentes das de outras pessoas?
- Já se questionou se, em criança, exibiu comportamentos ou hábitos diferentes dos de outras crianças?
- Experienciou violência física, verbal ou sexual na infância ou na adolescência?
- Já se questionou se teve uma infância normal, com uma educação normal?