O segredo do bem-estar está em desenvolver uma força interior e aumentar a capacidade de satisfazer as necessidades pessoais, enquanto se evita incorrer em comportamentos problemáticos. Para descobrir as suas forças, pergunte-se: Quais são os seus valores pessoais? Porque é que a sua vida vale a pena? Qual é o significado dessa vida? Cada um de nós tem os seus próprios valores e metas, assim como a capacidade de os concretizar. Segundo os seus valores pessoais, há fatores primários da vida que serão mais ou menos importantes para si. Se os fatores que mais lhe importam estiverem afetados, isso pode aumentar o risco de agir de formas problemáticas. De modo a alcançar a satisfação e a realização, deve responsabilizar-se pelo seu próprio bem-estar.
Reflita sobre a sua situação. Atualmente, o que está a correr bem e o que o(a) incomoda? Que aspetos da vida gostaria de mudar? São alteráveis? Faça uma lista e separe as coisas que pode alterar das que não pode. Foque-se nos factos alteráveis! Ordene-os colocando o mais importante primeiro.
Quão importantes são os seguintes fatores de vida primários para si, pessoalmente? Como os satisfaz e com que nível de satisfação?
Escolha e escreva os seus valores pessoais. De que desfruta mais, na vida?
"Quando comecei a refletir sobre a minha situação, senti-me altamente motivado e determinado a mudar os meus comportamentos sexuais problemáticos. Apesar de ser casado e nos amarmos muito, eu sinto uma estimulação sexual mais intensa quando fantasio com raparigas pré-púberes. Como eu nunca estive em contacto com raparigas pré-púberes, não me custava muito resistir, mas eu já utilizei imagens de abuso sexual infantil. Nem uma condenação por posse de pornografia infantil aos 18 anos me impediu de pesquisar novas imagens na Internet, uma e outra vez. O desejo avassalador esteve sempre presente. Quando o fazia, sentia-me sempre envergonhado após cada sessão e o ciclo vicioso de autoaversão e humor depressivo levava-me a voltar a pesquisar, como forma de ultrapassar estes sentimentos. Ao fazer várias análises situacionais, identifiquei que olhar para aquelas imagens era praticamente a única situação na qual conseguia viver o momento presente e esquecer todos os sentimentos desagradáveis e o mundo à minha volta. Identifiquei a valorização, a amizade, desfrutar da vida, o amor e o autorrespeito como os meus valores pessoais. Descobri que a minha necessidade de valorização foi afetada durante a minha infância em interações com a minha mãe, a pessoa com a qual tive o meu vínculo primário. Tudo o que eu fazia ou tentava fazer nunca era suficiente. Por isso, esforçava-me mais, mas não a conseguia satisfazer. Embora me custasse admitir, aceitei que nunca poderei mudar a minha infância nem o facto de estar sobrecarregado com a minha atração sexual por raparigas pequenas. Esta noção deu-me alívio e a capacidade de me focar no comportamento resultante. A contradição entre os meus valores pessoais e o meu comportamento problemático tornou-se óbvia, e eu consegui responsabilizar-me pelas minhas ações. Aos poucos, comecei a implementar uma vida quotidiana baseada nos meus valores. Comecei a investir nos meus contactos sociais e a passar mais tempo com os meus amigos, em vez de ficar sozinho em casa. Retomei o treino de artes marciais, que tinha deixado anos antes. Deu-me a oportunidade de ter aquela sensação de 'viver no momento', enquanto estava fisicamente concentrado no meu corpo e a impedir pensamentos desagradáveis. De vez em quando, fico com vontade de pesquisar imagens na Internet, mas agora que estou consciente dos meus padrões antigos e escolhi focar-me nos meus valores pessoais, consigo resistir ao desejo e agir de outro modo."
